Dirigindo o meu carro, vou escutando Alceu Valença: "bate, bate, bate na porta do céu"...
E fico pensando se quando chegar a minha hora de bater também na porta do céu, São Pedro será tão bonachão comigo como foi com a Irene do poema:
"Irene preta, Irene boa,
Irene sempre de bom humor,
Imagino Irene chegando no céu,
- Dá licença, meu branco?
E São Pedro bonachão:
Pode entrar Irene,
Você não precisa pedir licença..." (Manuel)
Sei que não cumpro como queria e como devia, as minhas obrigações religiosas.
Desculpa aí Padre Marcos Alcântara. Sei que vc reza por mim, pela minha saúde e eu me acostumei a gostar de sua figura humana e do grande pároco que nós temos a felicidade de ter.
Mas fico pensando também: será que São Pedro ainda é o porteiro do céu?
Será que depois de dois mil anos de bons serviços prestados, ele já não se aposentou?
Eu fico imaginando que deve ter passado o alto encargo para um santo mais novo. Com mais disposição para o serviço.
Mas uma pergunta também se impõe: as nossas almas envelhecem?
Penso que a estas alturas, São Pedro deve gozar de permanentes férias, mantendo altas conversações com seu amigo e Salvador, Jesus Cristo que, certamente, já o perdoou, há muito tempo, pela terrível amarelada daquela fatídica quinta-feira santa.
Mas quem nunca deu uma amarelada na vida?
A história porém redimiu o velho santo. Que demonstrou uma coragem somente vista nele na hora da verdade. Quando já tinha consciência da sua liderança para os demais cristãos.
Mas o seu espírito, o de São Pedro, será que continua o mesmo? Pelo que nos passam no PARAÍSO não existem bandeiras a ser defendidas. Batalhas a serem travadas.
O tempo deve ter curado o pescador de sua impetuosidade.
Eu sempre tive uma grande simpatia pelo velho santo. Santo e homem. Com seus erros e acertos. Humano.
Que amarelou mas que enfrentou a morte com coragem e dignidade.
Espero que quando chegar a minha hora, a hora que tiver de bater na porta do céu, seja recebido pelo velho Pedro com certa indulgência.
Não com tanta amabilidade com que recebeu Irene, sei que não mereço nem tenho tanto prestígio.
Mas espero que ele possa me dizer, num momento se piedade por mim:
Pode entrar, Paulo, seus pecados foram perdoados.
UBATÃ/BA.
PAULO CABRAL TAVARES
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