O número de mulheres feridas por armas de fogo no Brasil cresceu 42% entre 2020 e 2023, segundo dados do DataSUS divulgados neste sábado (8) pelo Instituto Sou da Paz. Em 2023, foram registradas 4.395 notificações de mulheres baleadas que sobreviveram, o maior número desde 2017, quando houve um pico com 4.498 casos.
A pesquisa aponta que a maior alta de casos ocorreu nas regiões Norte e Nordeste (29%) e no Sudeste (23%). Em 2020, primeiro ano da pandemia da covid-19, o Brasil registrou o menor número da série histórica, com 3.104 vítimas, mas os números voltaram a subir nos anos seguintes: 3.253 em 2021 e 3.580 em 2022.
Para Cristina Neme, coordenadora do Instituto Sou da Paz, o crescimento da violência armada contra mulheres está relacionado ao aumento da posse de armas no país, especialmente após medidas de flexibilização durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
“O enfraquecimento da política de controle de armas possibilitou que muitas pessoas adquirissem armamentos, que agora estão dentro de casa e representam um risco para a violência familiar e doméstica”, afirmou a especialista.
O levantamento aponta que os casos ocorrem tanto fora de casa (45,8%) quanto dentro das residências (43,8%), enquanto 10,4% não tiveram o local identificado.